Texto e Arte: Bira GF.
Baseada na série em quadrinhos homônima, “Alba Atróz – A origem”, essa animação procura, modestamente, capturar o espírito aventureiro e romântico do fanzine, com suas páginas em preto e branco, cheias de lirismo e fantasia.
Os quadrinhos são impressos de forma independente pelo selo Ubuntu, numa empreitada muito louca e corajosa dos amigos Allan Regis Alba Atróz (roteiro) e Marcelo Morgolfin (desenhos), dois guerrilheiros da arte suburbana, que desafiam as limitações do fazer artístico na periferia de São Paulo, mais precisamente no bairro de Guaianases.
Para a trilha-sonora, a Água Mole mais uma vez contou com a parceria valiosa do músico Maurício Baraças, que nos presenteou com a canção “A revolução”, um espetáculo à parte. Baraças fez duas versões da música, em uma delas adaptando o refrão para incorporar o personagem. Você pode conferir as duas versões da música aqui e aqui.
Para esse trabalho, precisei fazer uma adaptação do roteiro, tomando alguma liberdade para cortar e adicionar determinadas falas, cenas e personagens, visto que o material original é muito maior. Evitei alterar muito a arte de Morgolfin, preservando ao máximo sua essência, apenas acrescentando alguma textura, luz e sombra para ganhar mais dramaticidade na tela. Fiz também a dublagem, o que foi um verdadeiro desafio, pois foi difícil encontrar uma voz ideal que representasse fielmente os personagens.
O personagem-título é inspirado no próprio autor, Allan Regis, que adotou o nome Alba Atróz em suas andanças como escritor. Para quem ficou curioso sobre esse nome, ele dá uma explicação aqui:
“Alba advém de um estilo poético medieval conhecido por este nome, em que poetas notívagos escreviam seus motes lamentando o amanhecer que vinha anunciado por badalos de sinos de vigias de torres, anunciando o fim dos recitais, bem como as alegres festas que aconteciam sob a luz da lua, por sua vez testemunha dos incríveis saraus. Já Atróz, faz alusão às atrocidades com a natureza e o bem-estar humano por um progresso avassalador de um sistema que só aliena, deturpa e fragmenta as relações sociais em prol de interesses financeiros. Destas ideias surge o pássaro albatroz como um símbolo de resistência, metamorfoseado em Alba Atróz, por tratar-se de um ser vivo refugiado no subúrbio da metrópole, distante de seu ecossistema devastado por opressores capitalistas.
Uma curiosidade é que a palavra “atroz” não contém acento agudo, mas o criador decidiu adicionar esse detalhe para dar um diferencial.
Enfim, esse foi um trabalho bastante experimental para mim, e tenho um carinho especial por ele. Espero que curtam!
Um forte abraço!